A extinção dos
morcegos será a das bananas / Ó Deuses, deuses,
dai-me um peidinho piedoso / A desfolhar borboletas /
Ordenar adornos, tornear transtornos /
Paisagem com mosca,
fosfena com cisco /
Teorema do ser ao sul /
Pela qual acaricio o
tesão dentado com algum punhado de luvas /
Onda acordeonista que
toca o tempo de banho / De visual arcaico
forjado então adiante / Se o futuro do passado está sem-
pre parado / Espreita através
de um ouvido da porta / E intui o ferreiro /
Que inexistindo pai /
Orfeu /
Ferveremos os fetos
dos órfãos
E neste céu roxo, um
sol de ameixa /
Miraculosamente amadurece /
A salgada mágoa de lesmas desse Zéfiro horizontal
contudo oculto no núcleo do outono /
E aí bebo
a solução do problema anterior /
A endossar os nervos lançados / No instante
lubrificante brutal que ilumina / Esta confeitaria cerimonial,
oficina luciferina /
Bagagem (de mão) de ferro derramado /
Em todas as espécies de plantas dos pés / Mistura de fumos
na carta de rumos /
Logro lírico a
colorir do rigor / Livre desses destinos repulsivos /
E o pulso dissidente
sorve seu nervo servil / Nascente incógnita
de eficácia fescenina /
Epopeia que se copia
opiácea no último cerne do sonho lotado /
No detalhe do
detalhe retilíneo / Cume de faca, gume de pico /
A devassidão do vocábulo fodido /
Badalo fosco que é puro ouvido / No crânio descontínuo /
Do homem relutante que, estranho em seu túmulo / Some
este coro de covas /
À tua ilha-presença, este lugar que criei só /
Louco ou coisa melhor /
Nestes dois quartos
da hora de fama / Altivo discurso sozinho /
Até antes da tattoo seu corpo no tempo era obra em progresso /
Projeto para algum
imprevisto enquanto prova da fruta-mídia /
Ciência que se
debruça / Nesta cinza volátil / Readolescendo /
O seu nascer
bifurcado /
Desde a vodka gótica
/ Tomada com gelo de água de torneira /
Em meu quarto de costas para a Metrópole /
Outro / Mesmo aprendiz de branco (75%) /
Com a memória explícita de lobo temporal /
Pó de ser lido o meu Mal
(dito diário) /
Ao empapelar sua prole de sotaque etrusco /
Ou decretar milagre em estado de exceção /
Neste seu curso intensivo de arlequinagem /
Que (mar)ca dente / Alfabetos / que falo
besta /
Como se do mero exercício de canto kitsch /
Eclodissem as sedes que li / E doces de lis /
Sangria de amor cego ao escalpelar patrões /
Um cheiro de som / Cor
que se tateia,
gosto que se tatua /
Como se o sonho fosse
tão mais real /
Pois, chupada esta
realidade, ele seria tudo aquilo que te resta /
Pois o real sou eu
(menos a vontade) /
E este f(i)ode Ariadne /
Extremo sexo-trem da
razão exausta (se extenua tu de anexo) /
Rumo ao horizonte
que já se doura / Do sol que a foto estoura /
Flechas do Amor: ser
de mais formas do que Satã ou o açúcar
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO POEMA TEM QUE TER COMEÇO, MEIO E FIM.
ResponderExcluirUM POEMA NÃO PODE SER DESCONECTADO DE UM OBJECTIVO, POIS PERDE SEU CONTEUDO POÉTICO
QUE VEM DE UMA INSPIRAÇÃO,
A NÃO SER QUE SEJA FEITO DE CAÇA - PALAVRAS.
O poema só tem começo no poeta (aquele que faz); seu único meio são as palavras (signos entre silêncios); e seu único fim é qualquer olho/ouvido (do imprevisível "todo mundo"). Poesia não é comunicação. Também não é literatura, pois deve muito mais à música e às artes visuais; e talvez até mais à magia.
ExcluirA forma de uma obra de arte é todo o seu conteúdo. Inspiração é apenas meio movimento (sístole, impressão), requer seu óbvio complemento, a expiração (diástole/expressão) para chegar a ser respiração (controle/diapasão). Como artista, minha estética é tão variável quanto o número mesmo de poemas que já escrevi, mas só lido com um único tema: a própria linguagem. Abjeto objetivo?
Minha poética depende tanto de mim quanto do meu público, já que me responsabilizo apenas por meio poema, aquele que vai do mundo à página, passando por mim; já a outra metade, que vai da página ao mundo, passando pelo leitor/ouvinte, é para mim uma imensa incógnita, tão grande que eu jamais poderia ousar indicar um modo certo de me apreciar, porque possivelmente não há.
Mas sobre um tópico não há dúvida: inversamente, é de igual grandeza o atrevimento que leva um leitor a me indicar de que modo devo escrever. Assim, se o poema parece feito de caça-palavras, palavras cruzadas, cruza-palavras ou palavras caçadas, e isto parece ruim, ou é algo de que não gosta... é uma pena, pois poli demasiado bem estes espelhos: trata-se de um poema, não de um pedido de conselhos.
Poeta, precisei ler mais de uma vez. Na minha opinião esta poesia pode n ser entendida por aqueles que escrevem versiculos de auto-ajuda e/ou piedade ( q não aprecio). Aqui encontro, de alguma forma, parceria p/meus "outburst". Evoé!
ExcluirO poema - a obra de arte - não "tem que" nada, em absoluto. Se arte precisar de trilhos, a estação é a obviedade.
ExcluirSua obra é impecável, Davis, justamente por ser exatamente o que você, o artista, determina que seja.
Sobre a crítica em caixa alta, não merece resposta, por conta da superficialidade e série de conceitos (?) equivocados em tão pequeno espaço. Imagino o que viria de uma lauda.
É isso mesmo, Soaroir.
ExcluirÉ mesmo, Robinson; infelizmente também imagino a tal lauda, com todas as suas linhas... É nessas horas que nossas boas imaginações parecem se voltar contra nós. Embaraçoso, não?
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